A revolução dos bichos – George Orwell | Resumo / Resenha

Por Adenilson Almeida

Eric Arthur Blair (1903-1950), mais conhecido como George Orwell, foi um escritor, jornalista e ensaísta político. Autor do clássico “A revolução dos bichos”, um livro de fácil compreensão segundo ele, porém, repleto de detalhes que acabam passando despercebidos na alegoria.

Resumo / Resenha – A revolução dos bichos

Tudo começa com uma reunião entre os animais da Granja do Solar, organizada pelo porco Major para contar um sonho que havia tido. No sonho, todos os animais eram livres da dominação e exploração dos ditadores humanos, Major ainda acrescenta que esse sonho um dia viria a ser real, e que todos os animais deveriam dedicar suas vidas a essa revolução. Dias depois o velho porco morreu, mas sua ideologia já estava enraizada, seu pensamento foi sistematizado e chamado de animalismo. (No posfácio é explicado que o porco Major representa Marx)

Porque quase todo o produto do nosso esforço nos é roubado pelos seres humanos. Eis, aí, camaradas, a resposta a todos os nossos problemas. Resume-se em uma só palavra – Homem. O Homem é o nosso verdadeiro e único inimigo. Retire-se da cena o Homem e a causa principal da fome e da sobrecarga de trabalho desaparecerá para sempre. (p.12)

Logo a revolução se tornou real, os animais expulsaram o antigo dono Sr. Jones e mudaram o nome da propriedade para Granja dos Bichos. Os porcos aprenderam a ler e escrever num velho livro de ortografia dos filhos de Jones, e explicaram que os princípios do animalismo poderiam ser resumidos em sete mandamentos, sendo eles:

  • Qualquer coisa que ande sobre duas pernas é inimigo.
  • Qualquer coisa que ande sobre quatro pernas, ou tenha asas, é amigo.
  • Nenhum animal usará roupas.
  • Nenhum animal dormirá em cama.
  • Nenhum animal beberá álcool.
  • Nenhum animal matará outro animal.
  • Todos os animais são iguais.

Os porcos se tornaram os líderes, por serem “mais espertos”. A partir daí podemos observar que a frase “O poder tende a corromper, e o poder absoluto corrompe absolutamente” é mesmo universal.

Os bichos foram libertos dos humanos ditadores, mas submetidos a uma nova ditadura de seus camaradas. Trabalhando cada vez mais, comendo e descansando cada vez menos. Mas ainda assim acreditavam estar vivendo melhor do que antes da revolução, graças às falsas propagandas de melhoria que vinham dos governantes, e as perseguições aos seus opositores.

Mais claro que isso, impossível. Uma crítica direta ao Stalinismo, que alocou o povo de uma ditadura para outra ainda pior. Tendo o partido bolchevique representado pelos porcos, liderados por Napoleão, que representa o próprio Stalin.

Com o tempo, os mandamentos foram alterados aos poucos para justificar os privilégios que a elite suína tinha, como dormir em camas e beber álcool. Até que foram resumidos em “todos os animais são iguais, mas alguns são mais iguais do que outros”.

O fim não poderia ser mais genial, a propriedade volta a se chamar Granja do Solar, os porcos andam sob duas patas, fumam charutos e jogam cartas com os humanos (uma alusão a acordos entre os comunistas e os burgueses), sendo impossível distinguir quem é porco e quem é homem.

A obra não somente demonstra a decadência do Stalinismo na revolução russa, mas é uma critica direta à mesma e a todo e qualquer uso de poder totalitário.

Mesmo depois desse choque de realidade dado por Orwell, Nélson Jahr Garcia nos conforta um pouco ao dizer que “Um dia conseguiremos distinguir a diferença entre porcos e homens”.

O Suicídio na Filosofia de Émile Durkheim

                                                                                        Autor: Alexandro Foletto

No livro intitulado “O suicídio” Émile Durkheim trata o tema como um fato social, naturalmente podemos perguntar, como? O suicídio não é um ato individual? A proposta feita por Durkheim está na premissa de que todo indivíduo que se suicida está sob posse de uma angustia tão insuportável que acaba cogitando abreviar a própria vida, apesar disso, nem todos “apertam o gatilho”, existe, portanto o que chamou de variáveis sociais que seriam os motivos que causariam o desejo por desistir da vida.

De imediato Durkheim coloca que a variável que determina a opção pela abreviação da existência está ligada à vulnerabilidade dos laços sociais. O fato é que indivíduos casados se suicidam menos que sujeitos não casados (esse dado até hoje não foi refutado), uma segunda variável é que o indivíduo que tem filhos se suicida menos do que alguém sem filhos, uma terceira variável é que quem tem pais vivos tende a se suicidar menos que alguém que não os tem e o mesmo se aplica para quem tem uma vida financeira estável. Isso revela que pessoas que não estão inseridas na vida social (por meio familiar ou econômico) tem maior probabilidade de cometer suicídio.

Além desses pontos há também uma grande variação entre pessoas que frequentam algum culto religioso, que tendem a suicidar-se menos que quem não frequenta (dirigir-se a um culto religioso cria laços sociais), o mesmo acontece com quem trabalha junto a um grupo. Portanto a sociedade age sobre o indivíduo, cada comunidade social tem uma inclinação para o suicídio, e desta derivam as inclinações individuais.

São três tipos que afligem a sociedade. O primeiro é o suicídio egoísta que é causado pela decepção provocada por desintegração social, angústia ou depressão. Ocorre se alguém se afasta de alguma das instituições sociais (família, igreja, escola, partido político, etc.) ou até mesmo alguma decepção que levaria a falta de convívio.

O segundo foi chamado de suicídio altruísta que ocorre quando um indivíduo valoriza a sociedade mais do que a ele mesmo. Pode parecer estranho, mas temos como exemplo o evento de 11 de Setembro de 2001, quando homens que pilotavam aviões se chocaram contra o World Trade Center em Nova York. Para Durkheim, os agentes desse atentado podem ser classificados como suicidas altruístas, pois se identificavam de tal forma como o grupo Al Qaeda (ao qual faziam parte) que se dispuseram a morrer por ele.

No terceiro caso há o suicídio anômico, que é aquele que se deve a um estado de desordenamento, onde as leis e o respeito falham. Como exemplo, podemos citar a corrupção praticada por políticos e funcionários públicos entre outros tantos, em suma, a perda total de referência moral.

Para concluir podemos dizer que O SUICÍDIO de Durkheim salienta que quanto maior o grau de concordância social menor será a tendência para o indivíduo pôr fim à própria vida.

O Panóptico de Foucault em Vigiar e Punir

O Panóptico – Vigiar e Punir

Em Vigiar e Punir [adquira], Michel Foucault explora o panóptico do filósofo utilitarista Jeremy Bentham na ideia e na prática. O panóptico é, na sua forma geral, um edifício estruturado de forma a ter um ponto de observação central, como a torre do relógio no centro da prisão, salas ou espaços em torno deste ponto central; ele é estruturado de tal forma que é possível tudo ao mesmo tempo ser observado a partir do ponto central.

Foucault usa principalmente o exemplo da prisão, onde o guarda pode vigiar os presos atrás de venezianas; enquanto os presos nunca podem realmente ter certeza se há alguém lá a observá-los ou não. Mas os princípios arquitetônicos do panóptico também são usados ​​em escolas, hospitais e locais de trabalho – e todos para o mesmo efeito.

Foucault começa seu capítulo sobre o panóptico com uma descrição da segmentação arregimentada de vilas e cidades durante o surto da peste. Ruas de vilas e cidades foram divididas, e divididas ainda mais por casas e as pessoas que viviam dentro das casas; com informações sobre quem estava vivendo onde e sua saúde (bem / mal, vivo / morto) sendo registradas e gravadas regularmente, passava de vigias de rua aos magistrados e prefeitos.

Este tipo de divisão, segmentação e ordem assegurou que a praga – que dependia de movimento para a sua proliferação – fosse impedida de se espalhar por todas as vilas e cidades. Se pessoas mudassem, de onde era sabido que moravam, sem consentimento, elas seriam punidas com a morte. Se alguém estivesse tentando esconder uma pessoa doente ou morta, que viveu em sua casa, eles logo descobriam, já que era obrigatório que todos os habitantes de uma casa mostrassem seus rostos para os vigias de rua. Poder foi filtrado de baixo – da instrução do prefeito no topo, com os guardas que ocupam cargos de observar qualquer movimento não solicitado, para vigias de rua tomando nota e atualizando registros de quem e o que ocupava cada espaço. E a disciplina foi incutida nas cidades e nos homens e mulheres pela soberania – na forma de ordens do prefeito – e força física.

O arranjo arquitetônico do panóptico cria o mesmo nível de ordem e disciplina, sem a necessidade de força explícita, recursos ou soberania. A ordenação das pessoas no momento da praga nas ruas, casas, e as pessoas dentro de casas é replicada na prisão, na cama de hospital, e no espaço na escola ou no trabalho, em que o observador pode ver todas as pessoas ao mesmo tempo; pode ver quem está bem/mal, sã/louco, produtivo/preguiçoso; e pode ver em tempo real quem são, onde estão, e o que elas estão fazendo. Foucault argumenta que esses dois mecanismos – ordenação de acordo com escala binária, e diferenciação entre indivíduos – quem são, o que estão fazendo, onde estão – são fundamentais para o conceito de poder e o exercício da disciplina.

Foucault usa a metáfora do poder ‘capilar’, um poder que se divide e permeia toda a sociedade. É o poder capilar também porque não permeia único espaço – como o arranjo físico das cidades e vilas durante a peste -, mas também corpos. Isto porque, quando as pessoas sabem que elas são visíveis, que podem ser observadas (não importa se eles estão ou não sendo – só que eles poderiam ser), regulam seu comportamento de acordo com as normas impostas ou aceitas a elas infligidas. A estudante não se atreve a se comportar mal quando ela pode sentir o olhar do professor; o trabalhador não folga quando sente seu gerente atrás dele. O panóptico configura uma espécie de olhar permanente, sem a necessidade da presença de quaisquer corpos físicos. Foucault escreve:

A sujeição verdadeira nasce mecanicamente de uma relação fictícia.

É por isso que o poder do panóptico é um poder superior ao poder que veio antes dele. Um rei ou uma rainha poderia condenar alguém à morte por desobedecê-los, mas eles não poderiam fazer as pessoas obedecerem. O panóptico, com seus efeitos de autodisciplina e autorregulação, faz com que as pessoas estejam em conformidade com as regras que foram estabelecidas para elas. Este foi um triunfo do utilitarismo de Bentham: a geração de um grande poder sobre uma multidão com poucos recursos. Como as vilas e cidades da praga, a energia é filtrada através das partições de espaço físico; mas a necessidade de prefeitos, guardas e vigias sumiu.


Via Philosophy Tap

A Educação Grega no Período Clássico: Atenas x Esparta

André Pontes Silva*

A EDUCAÇÃO NO PERÍODO CLÁSSICO EM ESPARTA

Por volta do ano 800 a.C., na estrutura social da Grécia, surge a cidade-Estado chamada Pólis com estruturas política e social próprias. Entre elas, frequentemente explodiam conflitos seguidos por guerras, conforme afirmam Krastanov e Corrêa (2013). Os mesmos autores ressaltam que na Pólis, frequentemente aconteciam conflitos que provocavam guerras; essa situação chamava a atenção do Estado, que aplicou um modelo de educação capaz de preparar os indivíduos para defender o Estado em conflitos e guerras; uma vez que o bem do Estado conferia o maior valor às ações humanas.

A ideia de um Estado com ausência de conflitos e guerra acabou comprometendo a dimensão subjetiva dos indivíduos que eram preparados para a defesa estatal, em razão de que as autoridades da província conferiam à educação uma grande responsabilidade: formar cidadãos compatíveis com o projeto político de Esparta.

A EDUCAÇÃO NO PERÍODO CLÁSSICO EM ATENAS

Ainda no período clássico Atenas agia diferente de Esparta, tendo como ideal educativo: a ginástica, a música e a escrita. Além de proporcionar o condicionamento físico e preparar o guerreiro, a ginastica representava também uma característica harmônica de corpo e mente; o que nos leva a pensar que talvez promovesse também reflexões. A música projetava respeito e controle; senso de temperança e moderação nos jovens. Por sua vez, a escrita estava relacionada à aprendizagem e obtenção de conhecimento, essa circunstância denota grande salto da educação ateniense e, também, de toda cultura grega: a Paidéia, no sentido de formação do cidadão perfeito.

DIFERENÇAS ENTRE OS FINS SUBJETIVOS E OBJETIVOS ESTABELECIDOS EM ATENAS E ESPARTA

A educação no período clássico em Esparta priorizava a preparação de indivíduos para defender o estado contra os conflitos e guerras, esta atitude prejudicava de forma significativa a formação subjetiva. O Estado espartano considerava as crianças e os jovens como sua propriedade, os quais deveriam ser moldados conforme seus fins; por outro lado a formação objetiva se sobressaía, pois, os indivíduos eram produzidos pelo Estado de modo que chegassem ao ápice da preparação física, objetivando a melhor defesa possível.

A educação no período clássico em Atenas era praticamente o contrário de Esparta, ou seja, priorizava a formação subjetiva do homem. Conforme descrevem Krastanov e Corrêa (2013), se o Estado espartano atestava a propriedade das crianças, em Atenas, tal propriedade cabia à família e, antes, ao pai; desse modo, a formação subjetiva ganhava mais espaço. Todavia, a formação objetiva também estava agregada, uma vez que os momentos promovidos pela ginástica, pela música e pela escrita também se caracterizavam uma formação objetiva coletiva.

Desta forma, ficam explicitas as diferenças entre os fins subjetivos e objetivos estabelecidos em cada uma das cidades-Estado de Atenas e Esparta: Esparta priorizava a formação objetiva (relacionada à sociedade) almejando a melhor defesa possível para o Estado, e Atenas priorizava a formação subjetiva (relacionada ao indivíduo) objetivando a melhor formação do homem como ser integral.

REFERENCIAS BIBLIOGRÁFICAS

CORRÊA, R. A.; KRATANOV, S.V. Fundamentos Históricos e Filosóficos da Educação. Batatais: Claretiano, 2013.


*André Pontes Silva. Graduado em Educação Física. Cineantropometrista titulado pela International Society for the Advancement of Kinanthropometry (ISAK). Qualificado em Avaliação Física Funcional e Genética pela Federação Internacional de Educação Física (FIEP). Capacitado em APH, Resgate e Socorro. Aperfeiçoamento em Dislexia. E-mail: <vozandrepontes@gmail.com>.

A Corrida de Ratos e a Felicidade – Uma crítica social foda [Video]

O que a felicidade significa para você? Muitos tendem a procurá-la em coisas materiais, substâncias e realizações de carreira, mas muitas vezes perdemos de vista o que realmente importa para nós no processo. O artista e animador Steve Cutts, com sede em Londres, está observando ha muito tempo essa “corrida de ratos” à qual todos nos encontramos amarrados.

Podemos questionar nossas fontes modernas de alegria em um novo curta-metragem satírico que retrata como nos tornamos ratos aos olhos do sistema.

Retire 4 minutos do seu dia atarefado e assista o video abaixo, e depois conte-nos nos comentários, o que você acha da critica de Cutts.

Via Bored Panda.