Amor Fati: Significado
Amor fati (tradução: “amor ao destino”) é uma frase em latim que pode ser traduzida como “amor ao destino” ou “amor ao próprio destino”. É usada para descrever uma atitude em que se vê tudo o que acontece na vida, incluindo o sofrimento e a perda, como bom ou, no mínimo, necessário, porque está entre os fatos da vida e da existência, gostemos ou não. Além disso, amor fati é caracterizado por uma aceitação dos eventos ou situações que ocorrem na vida. [1]
Essa aceitação não exclui necessariamente uma tentativa de mudança ou melhoria, mas, ao contrário, pode ser vista na linha do que Friedrich Nietzsche aparentemente queria dizer com o conceito de “eterno retorno“: um senso de satisfação com a vida e uma aceitação disso, de tal modo que uma pessoa poderia viver exatamente a mesma vida, em todos os detalhes minuciosos, repetidamente por toda a eternidade.
Conceito de Amor Fati
O conceito de amor fati foi ligado a Epicteto,[2] e também aos escritos de Marco Aurélio, [3] que não usou as palavras (escreveu em grego, não em latim). [4]
A frase é usada repetidamente nos escritos de Nietzsche e é representativa da visão geral da vida que ele articula na seção 276 de A Gaia Ciência:
Quero aprender cada vez mais a considerar como belo o que há de necessário nas coisas: – assim serei daqueles que tornam belas as coisas. Amor Fati: que esse seja doravante meu amor. Não quero mover guerra à feiúra. Não quero acusar, não quero acusar nem mesmo os acusadores. Desviar meu olhar, que seja essa minha única negação! E, numa palavra, para ver grande: só quero ser um dia afirmador!
É importante notar que Nietzsche, neste contexto, refere-se ao “dizedor de sim”, não em um sentido político ou social, mas como uma pessoa que é capaz de intransigente aceitação da realidade per se.
Citação de “Porque sou tão sagaz” em Ecce Homo, seção 10: [5]
A minha fórmula para a grandeza do homem é amor fati: nada pretender ter de diferente, nada para a frente, nada para trás, nada por toda a eternidade. O necessário não é apenas para se suportar, menos ainda para se ocultar – todo o idealismo é mentira perante o necessário – mas para o amar…
Além disso, o espírito de aceitação de Nietzsche ocorre no contexto de sua radical aceitação do sofrimento. Pois amar o que é necessário exige não só que amemos o mal juntamente com o bem, mas que vejamos os dois como indissoluvelmente ligados. Na seção 3 do prefácio de A Gaia Ciência, ele escreve: [6]
Só o grande sofrimento é o derradeiro libertador do espírito … Duvido muito que semelhante sofrimento nos torne “melhores”; – mas sei que nos torna mais profundos.
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Referências
- “Amor Fati: The Formula for Human Greatness”. Daily Stoic.
- Manual de Epicteto Cap. VIII: “Não procure que as coisas aconteçam do jeito que você quer; em vez disso, deseje que o que acontece aconteça do jeito que acontece: então você será feliz.”— como citado em Pierre Hadot (1998), The Inner Citadel: The Meditations of Marcus Aurelius, p. 143.
- Meditações IV.23: “All that is in accord with you is in accord with me, O World! Nothing which occurs at the right time for you comes too soon or too late for me. All that your seasons produce, O Nature, is fruit for me. It is from you that all things come: all things are within you, and all things move toward you.” — como citado em Hadot (1998), p. 143.
- “An Interview with the Master: Robert Greene on Stoicism”. Daily Stoic.
- Basic Writings of Nietzsche. Walter Kaufmann (1967), p. 714.
- Leiter, Brian (2015-01-01). Zalta, Edward N., ed. The Stanford Encyclopedia of Philosophy (Winter 2015 ed.).
Via Wikipedia.
Muito elucidativo