O Gênio maligno

Por Alexandro Foletto (alexandrofoletto1996@gmail.com)

Existe uma verdade tão evidente que não possa ser questionada? Seria possível que nossa vida, juntamente com o mundo ao nosso redor, não passe de um sonho? Por mais estranhas que possam parecer essas questões, elas merecem crédito pelo simples fato de serem concebidas e denotam que é possível duvidar da realidade aparente.

Porém, existem ideias tão claras e evidentes que não há como duvidar. Independente se você está acordado ou dormindo, um mais um é igual a dois. Um quadrado deve conter quatro lados iguais. Mas e se existir um gênio maligno poderoso que constantemente nos engana? E se esse demônio manipula nossa forma de abstrair as coisas do mundo e acabamos tomando por verdadeiro aquilo que na verdade é falso?

A possibilidade de um ser assim nos faz perguntar: existe algo certo que está além de qualquer dúvida? Usando a razão o filosofo francês do século XVII Rene Descartes, apresentou questões similares para refletir se é possível conceber uma verdade indubitável, um conhecimento que pudesse ser irrefutável. O método usado pelo filosofo é a dúvida hiperbólica, onde se duvida de tudo para chegar a verdade, onde suspende o juízo, não tomando nada como verdadeiro ou falso sem antes analisar todos os argumentos possíveis, diferente acontece com a dúvida cética que exclui a possibilidade de chegar a uma certeza.

O juízo inicialmente apresenta os sentidos e a lógica como fonte segura de conhecimento, porém, constata que os sentidos podem enganar, podem fornecer um dado sensorial equivocado e por isso confiar puramente nos sentidos é um equivoco e somente com o auxílio da razão é que se pode obter mais precisão. Outro argumento apresentado é o do sonho, como saber se estou sonhando ou acordado? Voltamos ao Gênio maligno, seria nossa percepção da realidade algo manipulado? E se somos enganados desde sempre também com relação a matemática, sendo que 1 + 1 na verdade é 3 e não 2?

Com o argumento do Gênio maligno, Descartes põe em dúvida toda a nossa realidade, contudo se podemos duvidar da realidade, dos sentidos e até mesmo da matemática (lógica), então, necessariamente essa capacidade advém do  pensamento, todo ser antes de pensar é um existente, portanto, penso logo existo, essa é a primeira certeza filosófica constatada por Descartes, podemos duvidar de tudo, menos de nossa capacidade de raciocinar e se podemos pensar é porque existimos.

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